Opinião
A prisão de MC Poze e o debate sobre cultura, justiça e favela no Brasil
A prisão de MC Poze do Rodo, no fim de maio, movimentou o país e abriu um debate importante: por que a cultura da favela ainda é tratada como crime?
Acusado de fazer apologia ao crime por conta das suas músicas, Poze foi preso e, mais uma vez, a arte da quebrada foi colocada no banco dos réus. Muita gente viu essa prisão como racismo disfarçado e perseguição contra quem usa a arte pra contar a realidade das ruas.
A resposta veio rápido: redes sociais fervendo, protestos, mobilização de artistas, juristas e da própria favela. Todo mundo dizendo o óbvio — funk é cultura, não crime. A pressão funcionou e Poze foi solto com um habeas corpus, mas o estrago já estava feito e o debate ficou de pé.
Enquanto isso, políticos conservadores continuaram tentando censurar o funk e os MCs, tratando a cultura periférica como ameaça. O caso deixou claro que, quando o artista é preto, favelado e fala verdades incômodas, a justiça pesa mais.
Mas a favela não se cala. Neste fim de semana, no Conplexo do Alemão, a comunidade mostrou sua força mais uma vez. Além do show histórico de MC Poze, rolou também uma grande ação social, com distribuição de alimentos, atendimento de saúde e atividades pra criançada — tudo organizado pela própria galera do morro, mostrando que a favela se cuida, se fortalece e se levanta junto.
E também ficou claro que a favela está cada vez mais consciente da sua força. MC Poze não ficou sozinho. A quebrada mostrou que não vai aceitar mais ser silenciada. O que vem do morro é voz, é verdade, é resistência.
A favela canta porque vive. E vai continuar cantando, alto e forte.
Foto: reprodução/Instagram
